Clostridium tetani é um microrganismo peculiar e cujas características permitem que o seu processo de infeção seja altamente eficaz. 

Trata-se de uma bactéria que, de uma forma geral, se pode considerar frágil, no entanto é produtora de esporos cuja resistência às condições ambientais é muito superior. 

Os esporos de Clostridium tetani apresentam uma distribuição ubiquitária podendo permanecer nos mais diversos locais durante períodos de tempo que podem durar anos!

Estas formas de resistência podem estar presentes em vários tipos de solo e ainda intestinos e fezes de variados animais (cavalos, ovelhas, cães, gatos, porcos, galinhas, entre outros). Tendo em conta este último cenário, facilmente se compreende que solos que são "tratados" recorrendo ao designado "estrume" com origem nestes animais apresentem elevada quantidade de esporos. Nas regiões em que isto ocorre, é frequente que alguns agricultores sejam, eles próprios, "reservatórios" de esporos. (CDC 2015)

Esta bactéria é um problema não só para agricultores, mas também para toxicómanos que consomem heróina, isto porque é também comum a contaminação desta droga com esporos de C. tetani.

 

Normalmente a principal via de entrada de Clostridium tetani no ser humano é através de pele lesada (feridas), sendo que nestas situações de baixas tensões de oxigénio ocorre a germinação dos esporos que levarão à presença dos microrganismos no indivíduo afetado. Uma vez “instalada”, a bactéria sintetiza duas toxinas: tetanolisina e tetanospasmina (ou toxina tetânica). (Bloch 2011)

A primeira toxina tem como principal função causar dano no tecido circundante à infeção com o objetivo de otimizar as condições de multiplicação bacteriana. Apesar de possuir, obviamente, um papel importante, apresenta uma baixa contribuição para a sintomatologia da doença, sendo essa atribuída à atuação da tetanospasmina.

A tetanospasmina surge descrita como uma poderosa neurotoxina, sendo a principal responsável pelos sintomas que se desenvolvem no tétano. (Mallick and Winslet 2004)