Epidemiologia

O tétano apresenta uma distribuição geográfica cosmopolita, sendo, contudo, uma patologia mais comum nas zonas do mundo densamente povoadas, com climas quentes e húmidos e solos ricos em matéria orgânica, nomeadamente, fezes humanas ou de animais. Está ainda descrita a sazonalidade da ocorrência de tétano, com um maior número de casos reportados nos meses de verão ou durante a época de monções. (Mallick and Winslet 2004; CDC 2015)

Ao longo dos últimos anos tem-se assistido uma diminuição mundial da mobilidade e mortalidade do tétano (Figuras 9 e 10), o que pode ser devido a:

- imunização na infância e reforços na adolescência e idade adulta com a vacina com toxóide tetânico;

- melhoria dos cuidados médicos a lesões/ferimentos da pele;

- utilização de TIG (Imunoglobulina Tetânica) como profilaxia pós-exposicional/ tratamento;

- migração da população de zonas rurais para zonas urbanas (menor exposição a Clostridium tetani). (CDC 2012)

No entanto, e ainda que exista esta tendência de diminuição da indicência do tétano, há evidências que apontam para o não reportamento de grande parte dos casos e mortes que efetivamente ocorrem. (Mallick and Winslet 2004; CDC 2012)

Tétano no Mundo

14860 Casos Reportados de Tétano em 2013

72600 Mortes Estimadas entre 2007 e 2011

Cobertura vacinal mundial (≥ 3 doses): 84%

(WHO 2013: Tetanus)

Figura 10. Casos Reportados de Tétano Neonatal e Cobertura Vacinal (pelo menos 2 vacinas) das mulheres grávidas entre 1980 e 2013.

Adaptado de (WHO 2013: Neonatal Tetanus)

Figura 9. Casos Reportados de Tétano e Cobertura Vacinal (pelo menos 3 vacinas) entre 1980 e 2013.

Adaptado de (WHO 2013: Tetanus)

5476 Casos Reportados de Tétano Neonatal em 2013

61000 Mortes Estimadas em 2011

Cobertura vacinal mundial das grávidas (≥ 2 doses): 62%

(WHO 2013: Neonatal Tetanus)

Tétano em Portugal

Antes da introdução da vacina do tétano no Plano Nacional de Vacinação (PNV), o tétano era causador de um elevado número de casos e mortes em Portugal. A elevada cobertura vacinal da população permitiu uma redução gradual da sua incidência e mortalidade (Figura 11).

Dados do Inquérito Serológico Nacional 2001/2002 (Figura 12) demonstram o sucesso da imunização da população, já que nos indivíduos dos grupos etários com idade igual ou inferior a 45 anos (gerações já vacinadas no âmbito do PNV), a taxa de indivíduos com níveis de anticorpos protetores contra o tétano (≥ 0,1 UI/mL) era aproximadamente 100%. No entanto, nas populações com idade superior a 65 anos, notava-se que apenas 62% dos indivíduos apresentava níveis de anticorpos protetores, pelo que os idosos são atualmente considerados um dos grupos de risco desta doença de declaração obrigatória. (DGS 2012; DGS 2014)

Assim, entre 2002 e 2011 foram notificados 55 casos de tétano em território nacional (53 em indivíduos com mais de 55 anos), 10 dos quais resultaram em evento fatal.

É de notar que o último caso nacional de tétano neonatal ocorreu em 1997. (DGS 2012)

Figura 11. Casos declarados de tétano em Portugal de 1958 a 2012 (DGS 2014)

Figura 12. Distribuição, por grupo etário, das pessoas com concentração de anticorpos (IgG) ≥ 0,1 UI/ml contra o tétano em Portugal – 2º Inquérito Serológico Nacional, Portugal Continental 2001-2002 (DGS 2012)

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Bibliografia:

[1] Mallick IH, Winslet MC (2004) A Review of the Epidemiology, Pathogenesis and Management of Tetanus. International Journal of Surgery 2:109-112

[2] CDC (2015) Epidemiology and Prevention of Vaccine-Preventable Diseases:The Pink Book: Course Textbook, 13 edn

[3] CDC (2012) Manual for the Surveillance of Vaccine-Preventable Diseases, 5 edn

[4] WHO (World Organization Health): Immunization, Vaccines and Biologicals: Tetanus

http://www.who.int/immunization/monitoring_surveillance/burden/vpd/surveillance_type/passive/tetanus/en/

[Acedido a: 22/05/2015]

[5] WHO (World Organization Health): Immunization, Vaccines and Biologicals: Neonatal Tetanus

http://www.who.int/immunization/monitoring_surveillance/burden/vpd/surveillance_type/active/neonatal_tetanus/en/

[Acedido a: 22/05/2015]

[6] Leça A, Calé ME, Freitas MG, Valente PM (2012) Programa Nacional de Vacinação 2012. Norma da DGS (Direção Geral de Saúde) 040/2011

[7] Pinto CS, Rosa MV, Nascimento M, Bordalo A (2014) Doenças de Declaração Obrigatória 2009-2012. DGS (Direção Geral de Saúde) 1:1-68