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Uso da toxina botulínica no tratamento do tétano: uma possibilidade?

Ultimamente surgiram algumas investigações no sentido de promover a utilização da toxina botulínica no tratamento de infeções provocadas pela neurotoxina tetânica. (Hassel 2013)

Tal como a tetanospasmina, a toxina botulinica também é uma metaloprotease dependente do zinco que cliva proteínas das vesículas sinápticas, impedindo a libertação de neurotransmissores na fenda sináptica. (Hassel 2013)

 

 

Tabela 3. Apresentação geral do mecanismo de ação das diferentes toxinas botulínicas.

Toxina Botulínica A

Toxinas Botulínicas

B, D, F e G

Toxina Botulínica C

Promove a clivagem da SNAP-25

Promovem a clivagem a clivagem da VAMP (tal como a toxina tetânica)

Promove a clivagem da SNAP-25 e sintaxina

A diferença entre a toxina botulínica e a tetanospasmina é o grau de transporte axonal retrógrado sofrido. Contrariamente à tetanospasmina, a toxina botulínica sofre transporte axonal retrógrado em muito menor extensão, como tal, os efeitos decorrentes da inibição da libertação de neurotransmissores estão confinados às terminações nervosas dos neurónios motores inferiores. Consequentemente, esta toxina impede a libertação da acetilcolina e a ativação dos músculos esqueléticos. Resumidamente, a toxina botulínica ao bloquear a libertação da acetilcolina a nível periférico reduz a hiperatividade muscular típica que se desenvolve no tétano. (Hassel 2013)

Vantagens: 

 

- Permite tratar a disfasia e o trismo o que acaba, indiretamente, por diminuir a probabilidade de o doente desenvolver laringosespamos e pneumonia de aspiração.

- Injeções no músculo trapézio e esternocleidomastóideu permitem aliviar a rigidez da zona do pescoço (deve proceder-se à injeção de forma cuidada de forma a impedir o atingimento da artéria carótida com consequente introdução da toxina botulínica na corrente sanguínea).

- Diminui a necessidade de uso de relaxantes musculares.

Desvantagens:

 

- Ausência de evidências clínicas do sucesso desta terapêutica (existem descrições de alguns casos de sucesso, mas que ainda levantam muitas dúvidas).

- Ausência de informação sobre a possibilidade de usar esta toxina na redução das contracturas de outros músculos também afetados (como o músculo abdominal, por exemplo); ou seja, apenas existem relatos de utilização da toxina botulínica nos músculos do pescoço e dos masséteres.

- Possibilidade de overdose (é indispensável monitorizar os indivíduos).

- Início de ação lento e gradual (ausência de efeito imediato no tratamento dos espasmos).

- Elevado custo.

Por todos estes motivos, este tratamento não é normalmente aplicado aos doentes e existem ainda muito poucas evidências que comprovem que o benefício seja maior do que o risco.

Bibliografia:

[1] Hassel B (2013) Tetanus: Pathophysiology, Treatment, and the Possibility of Using Botulinum Toxin against Tetanus-Induced Rigidity and Spasms. Toxins 5:73-83 

 

 

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