


TOXINA TETÂNICA










Diagnóstico
O tétano cursa por uma elevada taxa de morbilidade e de mortalidade, pelo que é imperativo haver diagnóstico rápido dos indivíduos, de forma a que o tratamento adequado e seguimento clínico sejam iniciados o mais precocemente possível. (Mallick and Winslet 2004; CDC 2012)
O diagnóstico do tétano encontra-se essencialmente baseado na recolha de sinais clínicos, isto é nos sinais e sintomas verificados pela equipa médica, uma vez que não se procede ao isolamento e identificação do agente etiológico e não existem achados laboratoriais característicos desta condição. De facto, apenas há isolamento da bactéria produtora da neurotoxina em cerca de 30 % das feridas de indivíduos com tétano, mas, por outro lado, é possível haver isolamento de C. tetani em indivíduos que não apresentam tétano. Ainda assim, a identificação laboratorial da bactéria cursa por demonstrar a produção de toxina quando inoculada em ratinhos, pelo surgimento dos sintomas característicos. (Mallick and Winslet 2004; CDC 2015)
Dada a sua raridade e similaridade a outras condições patológicas, o diagnóstico de tétano é difícil de ser estabelecido, havendo necessidade de diagnóstico diferencial em relação a outras disfunções orgânicas (Tabela 2). No entanto, indivíduos com história passada de ferimentos infetados/ lesões que eventualmente possam ter sido a “porta” de entrada da bactéria ou com espasmos musculares têm maior probabilidade de serem corretamente diagnosticados. (Mallick and Winslet 2004; CDC 2015)
Tabela 2. Diagnóstico diferencial de tétano. (Mallick and Winslet 2004; Thwaites 2014)
Dor abdominal aguda
Abscesso dentário
Síndrome de abstinência
Encefalite
Traumatismo craniano
Reação distónica
Hiperventilação
Hemorragia subaracnóide
Envenemanento (Ex.: Estricnina, Organofosfatos)
Síndrome da articulação temporomandibular
Septicémia
Complicações Neonatais (hipoglicemia)
Tetania
Meningite
Raiva
As análises serológicas do indivíduo antes da administração da TIG (Imunoglobulina Tetânica) podem ser usadas para avaliar a suscetibilidade do indivíduo ao tétano, pela existência de níveis baixos ou inexistentes de anticorpos anti-tetânicos. Todavia, o tétano pode ocorrer mesmo quando os níveis de antitoxina presentes no soro são protetores (≥ 0,1 Ul/ml). (CDC 2012)
Assim, a serologia pode fornecer informações indicativas sobre a existência de tétano num indivíduo, mas não permite fazer o diagnóstico de tétano. (CDC 2012)
Para confirmar o diagnóstico clínico de tétano, é possível fazer-se a deteção da bactéria, recorrendo a tecnologias de amplificação do seu material genético (por exemplo, PCR). (Thwaites 2014)
Bibliografia:
[1] Mallick IH, Winslet MC (2004) A Review of the Epidemiology, Pathogenesis and Management of Tetanus. International Journal of Surgery 2:109-112
[2] CDC (2012) Manual for the Surveillance of Vaccine-Preventable Diseases, 5 edn
[3] CDC (2015) Epidemiology and Prevention of Vaccine-Preventable Diseases:The Pink Book: Course Textbook, 13 edn
[4] Thwaites C (2014) Botulism and tetanus. Medicine 42:11-13